Primeiro-ministro de Portugal António Costa reconhece as falhas no sistema consular e prevê mudanças
O primeiro-ministro de Portugal reconheceu as falhas no sistema consular de seu país e prometeu reforços financeiros e tecnológicos. Com isso, pretende acelerar os milhares de processos de visto e de aquisição de cidadania portuguesa que se acumulam.
Segundo informações do governo português, existem atualmente mais de 40 mil pedidos de cidadania pendentes, a maioria de cidadãos brasileiros.
Em outubro, o consulado de Portugal em São Paulo –recordista mundial na concessão de cidadanias portuguesas (conforme noticiado pela Folha de São Paulo) – chegou a interromper novos agendamentos por causa da grande quantidade de solicitações. Os serviços foram retomados em novembro.
De acordo com o representante do governo de Portugal, “a nova lei de nacionalidade (que estendeu a nacionalidade de origem para netos de portugueses) aumentou muito o número de pedidos. Estamos a adotar medidas para reforçar os serviços do Ministério da Justiça, para tentar recuperar as pendências que temos na atribuição de nacionalidade”.
Segundo o primeiro-ministro, o objetivo do governo português é modernizar os sistemas de pedidos e análise de documentos. Assim, será possível dar mais agilidade nas respostas.
Aumento do número de pedidos realizados por brasileiros
Em 2014, Portugal passou a aceitar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como forma de ingresso nas universidades portuguesas. Nos últimos dois anos, houve um aumento expressivo na quantidade de pedidos.
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Consulado de Portugal em São Paulo (divulgação)
Entre janeiro e setembro de 2018, os pedidos de visto no Consulado de Portugal em São Paulo aumentaram 34% em relação ao mesmo período de 2017. Foram quase 6 mil pedidos de visto, sendo 61% de estudo.
O aumento na demanda em todo o país superlotou os serviços consulados. Em razão dos atrasos, muitos estudantes não conseguissem a documentação a tempo do início do período letivo.
“Quanto aos vistos, respeitando aquilo que é a legislação comum na União Europeia, que temos de respeitar, temos procurado agilizar todo o procedimento da concessão, de forma a facilitar e a diminuir a pressão sobre a rede consular”, afirmou António Costa.
Depois de reconhecer falhas e prometer melhoras, também justificou os problemas com o enxugamento da estrutura consular causada pela crise:
“Nestes últimos anos, nós fomos obrigados a fazer uma grande reestruturação na nossa rede consular, que foi bastante comprimida. Mas o que estamos a fazer é apostar muito nos serviços online, como forma de acelerar a concessão de vistos”, completou.
(Matéria publicada na Folha de São Paulo em 04/12/2018).